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Mídia Esporte Entrevista: Paulo Mancha

O entrevistado de hoje no "Mídia Esporte Entrevista" é o comentarista da NFL no BandSports, Paulo Mancha. Desde já agradeço a ele por me conceder esse bate-papo muito bom. E o melhor é que ele foi muito atencioso e respondeu a entrevista no mesmo dia em que mandei as perguntas. Espero que você todos gostem da entrevista.

ME: Para começar o bate papo, conte-nos como você começou a sua carreira na imprensa esportiva. Por quais veículos de comunicação você já passou?
PM: Sou jornalista, formado pela USP, e, ao longo dos últimos 18 anos, atuei em diversos segmentos do jornalismo: de editorias de ciência a revistas de turismo, passando por automobilismo, aviação etc.. No jornalismo esportivo, comecei ainda na faculdade. Meu trabalho de formatura era uma análise de todos os programas de esportes do rádio de SP e o projeto de um radiojornal de esportes inovador (para a época).

Depois, já formado, fui repórter do caderno de esportes da Folha de S. Paulo por um breve período e editor da Revista Náutica, o que me fez viajar pelo mundo cobrindo competições de iatismo, jet ski e motonáutica. Também fui editor na Quatro Rodas e em outras revistas que lidavam com automobilismo. No BandSports, iniciei em 2006, graças ao fato de conhecer bem futebol americano e ter facilidade para falar na TV (algo bem mais difícil do que parece).

ME: Fiquei sabendo que o seu verdadeiro nome é Paulo D'Amaro. Como você ganhou o vulgo de "Mancha"?
PM: Eu tenho uma marca de nascença no peito. Desde pequeno, era cohecido como "o menino da mancha". Aí o apelido pegou.

ME: Você já foi aos Pólos Norte e Sul para fazer reportagens para revistas renomadas, como a Superinteressante. Como é a adrenalina de estar nos locais mais frios do mundo?
PM: Na verdade, não fui extamente "aos pólos", mas sim às regiões polares. Ambas as experiênciais foram indescritíveis e mudaram minha vida e minha maneira de ver o mundo. Sobretudo na Antártida, que é um "planeta" à parte dentro da Terra. Tudo lá segue uma lógica diferente - do clima às relações humanas.

Por exemplo, na Antártida, não se tranca portas nas estações de pesquisas - e isso é Lei, porque sempre alguém pode precisar de abrigo. Além disso, qualquer pessoa tem o direito de entrar na estação alheia para se certificar de que os outros não estão escondendo armas - coisa estritamente proibida por lá. É outra lógica...

ME: Agora conte-nos como você chegou ao BandSports. Esse foi o seu primeiro trabalho como comentarista?
PM: Como disse antes, eu já havia sido repórter de futebol e de náutica, para jornais e revistas. Fui parar no BandSports em parte por sorte, em parte por causa de minha vocação jornalística. Em agosto de 2006, surgiu um boato de que o canal transmititria a NFL. As pessoas começaram a debater na internet, especular e (como sempre) brigar.

Uns comemoravam, outros diziam que tudo não passava de boato. Em vez de perder tempo com essa discussão besta, eu decidi fazer o que manda o bom jornalismo: fui conferir os fatos. Comecei uma série de telefonemas ao grupo Bandeirantes e, finalmemente, estabeleci um contato com a produção do canal, confirmando que era verdade mesmo.

Foi excelente, porque o próprio BandSports não tinha ideia de quão grande era o público e de que ele estava organizado em listas de discussão na internet. Me pediram pra ser uma espécie de "porta-voz" do canal junto à comunidade de fãs do futebol americano. E eu fiz esse papel por quase um mês, até setembro. Nesse meio tempo, contrataram o Ivan Zimmerman (mas não me contaram) e me pediram sugestões de nomes para comentaristas.

Eu fiz uma lista de 8 pessoas, com seus perfis resumidos, e mandei para o BandSports. Quando o Ivan viu a lista, reconheceu meu nome, pois nós trocávamos muitos e-mails quando ele narrava pela ESPN e ele chegou a ver um show de minha banda uma vez aqui em SP (sou cantor e guitarrista). Imediatamente o Ivan sugeriu que a produção fizesse um teste comigo.

O "teste" foi uma fogueira danada: tive que comentar um jogo de verdade! Nada menos que a abertura da temporada 2006/07, ao vivo, para milhares de telespectadores... Nessa hora, contou minha experiência de palco, como músico e band leader. Eu sei falar bem em público e, assim, contive o nervosismo e mandei bala... Eles curitram e estou lá desde então.

ME: Você já se revelou um amante do futebol americano. Como foi que surgiu esse caso de amor com um esporte pouco conhecido pelos brasileiros?
PM: Eu não gostava de futebol americano até meados dos anos 90. Como todo brasileiro, achava que era uma "pancadaria". Foi assim até o dia em que decidi me despir de preconceitos e tentar entender como era o jogo. Comecei a ver uma partida na TV e me esforçar para sacar o que estava rolando. Assim que percebi a mecânica do futebol americano, toda a minha aversão se transformou em empolgação pelo esporte. Isso foi mais ou menos em 1995. Depois daí, foi só me aprofundar, escolher um time (Jets) e me apaixonar cada vez mais...

ME: Como é a sua atividade do dia a dia no BandSports e nos outros veículos em que você trabalha?
PM: Eu vou ao BandSports 4 vezes por semana atualmente, sempre para falar de futebol americano. Às segundas-feiras (ás vezes, terças) participo do programa 1o Tempo, do Elia Júnior. É algo rápido, só uma pincelada do que rolou na NFL no fim de semana. Nas terças à noite, tem o BandSports Football, com os melhores lances de todos os jogos do fim de semana. Esse é um programa que exige mais prepapração.

Eu faço um resumo de cada jogo do fim de semana, com estatísticas, jogadores que se destacaram etc. E dou essas informações conforme os highlights passam. Às sextas-feiras, participo do Magazine BandSports. É um programa muito descontraído e gostoso de fazer, no qual quase sempre falamos do futebol americano jogado no Brasil (Torneio Touchdown, Pantanal Bowl etc.). E, aos domingos, tem os jogos da NFL.

Eu gasto cerca de 10 horas por jogo para me preparar. Crio uma enorme planilha com todas as infromações que posso precisar dos 53 jogadores de ambos os times. Acabo não utilizando nem 30% disso em cada transmissão - o que é normal, diga-se.

ME: A transmissão do jogo entre Giants e Saints pela NFL neste último domingo, de repente foi cancelada e trocada pelo jogo entre Cardinals e Seahawks. O que foi que realmente aconteceu naquela transmissão e qual foi a sua reação?
PM: A NFL negocia os jogos para emissoras dos EUA e de fora. No caso daquela partida, o mesmo canal de satélite havia sido designado para o BandSports e para algumas emissoras que transmitiriam Cardinals e Seahawks na sequência. A NFL faz isso acreditando que a primeira partida terminará antes do começo da segunda.

Acontece que não terminou. E como estava com placar muito dilatado, o gerente responsável decidiu trocar o sinal, sem se lembrar que isso prejudicaria o BandSports, ja que o canal não iria transmitir a segunda partida. Minha reação na hora foi de absoluto espanto e sensação de perda. Nunca tinha acontecido isso. E espero que nunca mais aconteça.

ME: Qual foi a melhor transmissão esportiva na qual você participou?
PM: Não sei responder... Houve muitos jogos emocionantes. Acho que meu primeiro SB como comentarista foi o que marcou mais - INDxCHI.

ME: Agora vamos falar um pouco de futebol americano. Eu não entendo nada disso, mas vamos lá (risos)... Quem você acha que é o favorito para essa temporada da NFL?
PM: Cara, a cada semana meu favorito muda... (risos). Eu não confiava muito nos Saints, mas eles estão detonando. Idem para Patriots e Colts.

ME: Mudando para o nosso futebol. Para qual time você torce?
PM: Eu "fui" corintiano até meados dos anos 90. Mas me desiludi tanto com o esporte "soccer" que hoje prefiro dizer que não torço pra ninguém. Com toda sinceridade, o futebol não me dá muito prazer de assistir, sobretudo no Brasil, onde os jogadores não ficam nem 6 meses num time. Sem contar os pontos-fracos do esporte em si, que a FIFA não arruma e as pessoas se conformam. Por exemplo, acho que o 0 a 0 é um estelionato para cima do cara que pagou ingresso ou que ficou na frente da TV.

Um absurdo que todos acham "normal", já que sempre foi assim. Isso tem que mudar, assim como o impedimento, às restrições ao uso da tecnologia, a inexistência de pedidos de tempo... O conservadorismo em relação às regras do futebol é ridículo, e por isso tenho ressalvas ao esporte em si hoje em dia. Acompanho de forma mínima os campeonatos, só para não ficar totalmente por fora. Afinal, sou um "comentarista esportivo", né...
(atualização)
ME: Além de seus trabalhos de jornalista e comentarista, você ainda é vocalista de uma banda de rock. Como você consegue coinscidir tanta coisa ao mesmo tempo?
PM: Bom, eu durmo 4 a 5 horas por noite... E meus fins de semana dificilmente significam “descanso”. Aliás, eles cansam ainda mais!

ME: Para encerrar, mande o seu recado para todos aqueles acompanham o seu trabalho.
PM: Obrigado pelo apoio e audiência. E divulguem o futebol americano, o esporte mais estratégico e apaixonante que existe!

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2 comentários:

  1. Parabens pela bela entrevista, curto muito o Paulo Mancha, ele eh um dos caras que curte Futebol americano de verdade, e sinto que atraves da dedicacao dele o canal Bandsports ta abrindo um grande espaco principalmente pro futebol americano praticado por brasileiros, comentando e cobrindo os Torneios e campeonatos que ocorrem no Brasil.
    Parabens Mancha.
    Abracos
    Nilo Tavares

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  2. Obrigado Nilo...
    Essa foi uma excelente entrevista, e acho que ajudou a incentivar mais o Futebol Americano.

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