Mídia Esporte Entrevista: Marcelo do Ó
Depois de muito tempo, o "Mídia Esporte Entrevista" está de volta! E o nosso bate-papo de hoje será com o narrador do Portal Terra e da Rádio 105 FM de São Paulo, Marcelo do Ó. Um grande talento da mídia esportiva e que já participou de grandes eventos esportivos e vai estar na Copa do Mundo na África do Sul. Desde já eu o agradeço por ceder a entrevista. Bom, vamos lá...
Mídia Esporte: Para começar, faça um breve resumo sobre os primeiros veículos de comunicação onde você passou, e como foi a sua experiência nessas passagens?
Marcelo do Ó: Bom, é difícil resumir 10 anos de carreira, mas vamos lá (risos). Meu começo foi na Editora Segmento, em 1999, como arquivista de fotografia. Estudei com um dos sócios, Márcio Cardeal e ele foi minha "porta de entrada" para o mercado. Em 27 de março de 2000, fui promovido para a redação corporativa da editora, como subeditor. Trabalhei fazendo house organs para empresas como Avon, BCP (atual Claro), 3M, Cargill Agrícola, Laboratórios Libbs, Accor etc. Foi uma grande experiência, por ser a primeira e por conhecer o que é uma pauta, uma reunião com clientes, reportagem em si, sem o mesmo peso de uma redação de jornal diário, com a correria do deadline e a responsabilidade de falar para milhões de pessoas. Foi o início certo.
Lá fiquei até 2002, depois saí para o Instituto Arte na Escola. Lá cuidava da comunicação da entidade e do próprio site. Em 2003 voltei para o grupo Segmento, mas na área de assessoria de imprensa, onde hoje é a Convergência Comunicação Estratégica, onde conheci um dos meus grandes gurus, Carlos Battesti (ex-diretor de comunicação da Confederação Nacional da Indústria - CNI e da Fiesp. Lá aprendi, primeiramente, a ser um profissional melhor. Não que não tenha tido outros conselheiros, cito, por exemplo Fernanda Nobre, minha primeira editora, que hoje trabalha com jornalismo social e me levou a ser voluntário, durante quase dois anos, na Fundação Gol de Letra.
Nessa segunda passagem, atendi aos Laboratórios Wyeth, fazendo a revista interna deles e uma empresa que me ensinou muito sobre relações corporativas, e na Associação Brasileira do Alumínio - ABAL. Na ABAL fizemos diversos projetos, até um vídeo release sobre uso de embalagens descartáveis de alumínio no microondas. Aí descobri o que é assessoria de imprensa mesmo, desenvolvendo projetos e tal. Foi uma boa escola. Paralelamente a isso, tentava meu espaço no rádio, que veio em 2004, com a minha entrada no curso para cronistas esportivos feito por Flávio Prado no Espaço WN, que contarei com mais detalhes na próxima pergunta. No rádio, comecei na ABC, depois fui para a Piracema FM, de Pirassununga, e finalmente a 105 FM. Do rádio, em 2006, cheguei ao Portal Terra, para trabalhar na Copa do Mundo, em seguida comecei a transmitir na TV do Portal o Campeonato Português de futebol e, em 2007, vim em definitivo como contratado do Portal.
ME: Como foi a sua chegada à Radio 105 FM de São Paulo, em 2005? Foi a partir daí que você se revelou de vez na imprensa esportiva?
DoÓ: Então, como disse na resposta anterior, foi no curso de Cronista Esportivo dado pelo Flávio Prado que eu consegui realizar o sonho de ser narrador. Lá conheci Bárbara Telini (Rádio Sul América Trânsito), que me indicou para Janete Ogawa, da Rádio ABC para fazer umas pontas lá. Eu já tinha participado do ABC nos Esportes como convidado antes de 2004, mas nada além disso. Em 2004 acabei fazendo a final da Copa do Brasil como plantão esportivo e, meses depois, narraria o primeiro jogo da minha vida como profissional, na rádio ABC (Santo André 1 x 1 Mogi Mirim), o primeiro gol que eu narrei foi marcado por Osmar, ex-Palmeiras.
Tudo isso com o curso do Flávio em andamento. Quando terminou, o Flávio queria iniciar o filho dele, Bruno, em uma equipe esportiva, e tinha tudo engatilhado com a Rádio Piracema FM, de Pirassununga, só faltava um narrador. Os repórteres eram Francisco de Assis e Éder Sguerri (depois Felippe Facincani, hoje no Terra), o plantão e a ancoragem era de Márcio Quiamente. Fizemos todo o segundo turno do Brasileiro de 2004. O primeiro jogo foi Corinthians 2 x 0 Ponte Preta, no Pacaembu. O projeto terminou ao final do Paulista de 2005, quando a 105FM estava montando sua equipe para o 105FM Futebol Club, por meio de Everaldo Marques (ESPN) e Weber Lima (Rede Brasil). Bruno Prado foi chamado para ser o comentarista e me indicou para um teste para segundo narrador. Fiz o teste no jogo entre Guarani x São Paulo e fui aprovado pelo Everaldo e comecei a fazer o Campeonato Brasileiro de 2005 pela 105 FM. O primeiro jogo: Santos 4 x 1 Paysandu (pela primeira rodada). E assim foi...
ME: Quando você começou a atuar no Portal Terra? É um trabalho diferente narrar na TV online, em comparação ao rádio ou à TV 'normal'?
DoÓ: Comecei no Terra num dia triste para São Paulo. 15 de maio de 2006, dia dos ataques do PCC à cidade de São Paulo. Era a primeira edição do Copa 2006 TV, apresentado por Fernando Gavini (ESPN). Esse foi o primeiro dia. Trabalhei durante a Copa narrando os melhores momentos de todos os jogos do Mundial vencido pela Itália e apresentando com o Gavini e José Maria de Aquino. No Terra eu já narrei muita coisa. Torneios da ATP (Stuttgart e Estoril), Olimpíadas de 2008 e de Inverno em 2010, torneios de seleções sub-17 e sub-20, Mundial de Futebol Feminino e agora NBA e Fórmula Indy.
É diferente trabalhar com TV para Internet, porque a interação com o internauta é o grande barato. Vocês nos corrigem on line, nos dão informações, participam, cornetam, é como se tivesse uma platéia de comentaristas on line durante o jogo, é muito bacana. Fora que, com a facilidade de não ter uma grade de transmissão, a gente pode transmitir várias coisas ao mesmo tempo e investir também em outros esportes, como estamos fazendo no Portal. O rádio é e sempre será a grande paixão da minha vida profissional, mas a Internet é um barato também.
ME: Em que momento você decidiu que seria um narrador esportivo? Era esse o seu grande sonho?
DoÓ: Eu nunca tive dúvidas sobre o que eu queria ser. Desde pequeno, fazia torneios de futebol de botão para jogar sozinho e narrar. Gravava vinhetas da Rádio Globo e da Jovem Pan numa radiola antiga e quando gritava gol soltava lá o "é gol, que felicidade!", coisa de "doido", como dizia minha mãe, mas era para ser assim mesmo. Adorava ouvir o Osmar Santos e até hoje me emociono com as gravações que eu tenho aqui dele. O José Silvério para mim é perfeito também, mas me identifico mais com o jeitão do Osmar. Foi com os gols e as narrações dele que sonhava ser narrador esportivo. Graças a Deus e às pessoas que me apoiaram de verdade, eu consegui.
ME: Essa é uma pergunta que faço a todos os meus entrevistados, pois tenho muita curiosidade sobre isso... Em quais profissionais da imprensa esportiva da tv ou do rádio você tem como referência?
DoÓ: Bom, como falei acima, em narração esportiva, o Osmar Santos é a minha referência. Na TV eu sempre gostei muito do Luciano do Valle e do Galvão na fase inicial. A emoção que eles passam é a que eu tento passar também nas minhas transmissões. Oscar Ulisses é, dos que estão em atividade, outro em que eu me espelho. Gosto muito do ritmo dele narrando no rádio e esse eu imitava descaradamente na Piracema (risos). Mas como profissional de imprensa esportiva eu me espelho mesmo é em Flávio Prado.
Antes de ser jornalista, de conhecê-lo, sempre admirei a sua austeridade e a forma direta e às vezes até agressiva com a qual ele se expressava. Hoje ele mudou um pouco o estilo, mas quando ele começou na Jovem Pan, em 1990, eu pensava "quero ser como ele". E a vida me levou a conhecê-lo e a ser amigo de seu filho, sendo até seu padrinho de casamento. É realmente uma honra e uma dádiva divina. Não posso também esquecer de José Maria de Aquino, um dos maiores nomes da imprensa esportiva brasileira e de uma humildade sem limites. Um mestre na acepção da palavra. Em comunicação corporativa e empresarial, Carlos Battesti é, sem dúvida, a minha grande referência.
ME: Como é a sua atual jornada de trabalho no Portal Terra e na Rádio 105?
DoÓ: Aqui eu trabalho com várias tarefas. Edito vídeos, na falta da chefe de reportagem, Sônia Peixoto, faço a função dela também, às vezes coordeno a equipe de esportes, quando Evandro Lopes, editor-executivo, não está presente, enfim, faço uma série de atividades. Narrar é a que menos faço...rs. Além de apresentar também o Terra Esportes TV, programa de entrevistas aqui do Portal para esportes. Na 105 FM eu sigo as escalas que o Ricardo Martins nos passa e seguimos em frente. Com isso tudo, sobra pouco tempo para o resto da minha vida, mas não reclamo, porque graças a Deus, trabalho no que eu gosto.
ME: Você já tem algum projeto para a Copa do Mundo? Vai ficar por aqui mesmo ou estará na África do Sul?
DoÓ: Outro presente que recebi esse ano foi a viagem para cobrir em loco a primeira Copa do Mundo. No próximo dia 18 de maio, vou com a equipe do Terra para Curitiba, seguir a Seleção Brasileira e, de lá, com José Maria de Aquino e uma grande equipe para a África do Sul. Não teremos os direitos de transmissão de nenhuma partida, mas estaremos lá, seguindo o time de Dunga onde ele estiver. Vai ser legal.
ME: Você já participou de vários eventos esportivos importantes, como a Copa do Mundo de 2006, os Jogos Olímpicos de 2008 e, nesse ano, nos Jogos de Inverno. A final do Vôlei Feminino, que deu ouro para o Brasil nas Olimpíadas de Pequim foi mesmo a sua transmissão mais marcante?
DoÓ: Foi. Sem dúvida. Na minha carreira inteira, até pela história daquela Olimpíada para mim. Era um principiante na narração para TV na Internet e, até por isso, acho que o Terra esperava um grande momento como "teste" da minha própria capacidade. Em 2008, narrei Pólo Aquático, Maratona Aquática, Atletismo, Vôlei de Praia, Softbol e todo tipo de esporte. Graças a Deus não comprometi em nenhum, até porque eu gosto de estudar tudo o que vou transmitir. A final olímpica feminina meio que me foi "dado de presente" pelo resto da obra durante aqueles dias.
Narrei o jogo ao lado do ex-levantador Maurício, uma lenda do vôlei brasileiro. E quando soube, pelo ponto que eu acompanhava um time seleto de narradores, como Galvão Bueno, Luciano do Valle e João Palomino (ESPN), a ficha caiu. Quando se deu o último ponto, não consegui conter a emoção, nem gosto de ouvir aquele jogo porque tava "muito alto", gritado mesmo. Tipo Galvão em 1994. Ficou "over", mas foi uma transmissão e um jogo épico que não vou esquecer nunca mais. Acho que foi o ponto de virada na minha carreira, quando conquistei o respeito de muita gente que não acreditava em mim.
ME: No rádio você usa um bordão, que é um grito de 'caçapa' no momento do gol. Como isso surgiu? Isso tem relação a sinuca ou algo parecido... (risos)?
DoÓ: Tem sim. Esse bordão foi criado pelo meu pai, o Sr. Gerson. Eu usava o "truco" primeiro. Bom, antes, eu gritava gol mesmo, mas queria algo que me marcasse na rádio, pois o Doni Vieira tinha o seu "é bola na rede" e o Hugo Botelho tem um grito de gol maravilhoso, que é sua marca já. Eu inventei esse truco, que depois não me soou bem nos ouvidos. Meu pai um dia em casa falou "usa caçapa que fica melhor". Testei e parece que deu certo. É legal, porque o ouvinte da 105FM é também um cara que gosta de sinuca, de um churrasco com uma boa cerveja no fim de semana. Gente da gente mesmo, como eu, do Capão (risos).
ME: Você já trabalhou ou trabalha em alguma emissora de TV?
DoÓ: Não, nunca trabalhei. Tenho vontade um dia, claro, mas hoje estou muito bem no Terra e acho que nós estamos construindo uma história até em relação à televisão, cujo modelo vai acabar sendo revisto pelo trabalho que a gente faz aqui. Onde você teria a chance de ver vários jogos ao mesmo tempo? Em Pequim e em Vancouver, demos essa opção aos internatuas e todos adoraram. Esse é o futuro.
ME: No Portal Terra você narra os jogos da NBA. Na sua opinião, quem ganha a competição dessa temporada? O meu Cleveland Cavaliers é mesmo o grande favorito?
DoÓ: Eu não fiz ainda um jogo do Cleveland aqui pelo Terra. Ontem, curiosamente, transmiti Orlando x Atlanta, pelas semi do Leste. Gostei muito do que eu vi. Como o Lakers não está tão bem assim como no ano passado. Acho que o time de Dwight Howard vai levar a melhor.
ME: Você pode dar algumas dicas para quem quer seguir a carreira de narrador esportivo? Para essa profissão, talento é tudo?
DoÓ: É tudo sim. Isso não se aprende, se aprimora. Deus dá o talento. É instintivo. Se você tem aquele bichinho que não te deixa ficar sem ouvir uma narração ou, como diz o livro "Cartas a um jovem poeta" se você se perguntar se não pode viver sem isso e a resposta for "não, não vivo sem isso", seja perseverante que um dia alguém lhe dará a chance, o microfone, e aí é com cada um. Comigo pelo menos foi assim.
ME: Para encerrar, deixe um recado para todos os leitores do Mídia Esporte que acompanham o seu trabalho.
DoÓ: Poxa, eu queria agradecer demais a audiência e o carinho de vocês. Sou um jovem profissional que ainda está buscando seu espaço e fico muito feliz em ver que tem gente boa acompanhando o que a gente faz. Muito sucesso a todos vocês e estou à disposição para o que precisarem.
Ainda não terminou... Tem uma surpresa para você que admira o Marcelo do ó. Ele cedeu algumas fotos dele nos bastidores do Portal Terra. Muito legal! Obrigadíssimo mais uma vez a ele, e pode ter certeza que o Mídia Esporte vai estar sempre junto e divulgando o seu trabalho.
Para quem quiser seguir o amigo Marcelo do Ó, tem o Twitter (@marcelosdoo) e o blog (marcelosdoo.wordpress.com).
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Mídia Esporte: Para começar, faça um breve resumo sobre os primeiros veículos de comunicação onde você passou, e como foi a sua experiência nessas passagens?
Marcelo do Ó: Bom, é difícil resumir 10 anos de carreira, mas vamos lá (risos). Meu começo foi na Editora Segmento, em 1999, como arquivista de fotografia. Estudei com um dos sócios, Márcio Cardeal e ele foi minha "porta de entrada" para o mercado. Em 27 de março de 2000, fui promovido para a redação corporativa da editora, como subeditor. Trabalhei fazendo house organs para empresas como Avon, BCP (atual Claro), 3M, Cargill Agrícola, Laboratórios Libbs, Accor etc. Foi uma grande experiência, por ser a primeira e por conhecer o que é uma pauta, uma reunião com clientes, reportagem em si, sem o mesmo peso de uma redação de jornal diário, com a correria do deadline e a responsabilidade de falar para milhões de pessoas. Foi o início certo.
Lá fiquei até 2002, depois saí para o Instituto Arte na Escola. Lá cuidava da comunicação da entidade e do próprio site. Em 2003 voltei para o grupo Segmento, mas na área de assessoria de imprensa, onde hoje é a Convergência Comunicação Estratégica, onde conheci um dos meus grandes gurus, Carlos Battesti (ex-diretor de comunicação da Confederação Nacional da Indústria - CNI e da Fiesp. Lá aprendi, primeiramente, a ser um profissional melhor. Não que não tenha tido outros conselheiros, cito, por exemplo Fernanda Nobre, minha primeira editora, que hoje trabalha com jornalismo social e me levou a ser voluntário, durante quase dois anos, na Fundação Gol de Letra.
Nessa segunda passagem, atendi aos Laboratórios Wyeth, fazendo a revista interna deles e uma empresa que me ensinou muito sobre relações corporativas, e na Associação Brasileira do Alumínio - ABAL. Na ABAL fizemos diversos projetos, até um vídeo release sobre uso de embalagens descartáveis de alumínio no microondas. Aí descobri o que é assessoria de imprensa mesmo, desenvolvendo projetos e tal. Foi uma boa escola. Paralelamente a isso, tentava meu espaço no rádio, que veio em 2004, com a minha entrada no curso para cronistas esportivos feito por Flávio Prado no Espaço WN, que contarei com mais detalhes na próxima pergunta. No rádio, comecei na ABC, depois fui para a Piracema FM, de Pirassununga, e finalmente a 105 FM. Do rádio, em 2006, cheguei ao Portal Terra, para trabalhar na Copa do Mundo, em seguida comecei a transmitir na TV do Portal o Campeonato Português de futebol e, em 2007, vim em definitivo como contratado do Portal.
ME: Como foi a sua chegada à Radio 105 FM de São Paulo, em 2005? Foi a partir daí que você se revelou de vez na imprensa esportiva?
DoÓ: Então, como disse na resposta anterior, foi no curso de Cronista Esportivo dado pelo Flávio Prado que eu consegui realizar o sonho de ser narrador. Lá conheci Bárbara Telini (Rádio Sul América Trânsito), que me indicou para Janete Ogawa, da Rádio ABC para fazer umas pontas lá. Eu já tinha participado do ABC nos Esportes como convidado antes de 2004, mas nada além disso. Em 2004 acabei fazendo a final da Copa do Brasil como plantão esportivo e, meses depois, narraria o primeiro jogo da minha vida como profissional, na rádio ABC (Santo André 1 x 1 Mogi Mirim), o primeiro gol que eu narrei foi marcado por Osmar, ex-Palmeiras.
Tudo isso com o curso do Flávio em andamento. Quando terminou, o Flávio queria iniciar o filho dele, Bruno, em uma equipe esportiva, e tinha tudo engatilhado com a Rádio Piracema FM, de Pirassununga, só faltava um narrador. Os repórteres eram Francisco de Assis e Éder Sguerri (depois Felippe Facincani, hoje no Terra), o plantão e a ancoragem era de Márcio Quiamente. Fizemos todo o segundo turno do Brasileiro de 2004. O primeiro jogo foi Corinthians 2 x 0 Ponte Preta, no Pacaembu. O projeto terminou ao final do Paulista de 2005, quando a 105FM estava montando sua equipe para o 105FM Futebol Club, por meio de Everaldo Marques (ESPN) e Weber Lima (Rede Brasil). Bruno Prado foi chamado para ser o comentarista e me indicou para um teste para segundo narrador. Fiz o teste no jogo entre Guarani x São Paulo e fui aprovado pelo Everaldo e comecei a fazer o Campeonato Brasileiro de 2005 pela 105 FM. O primeiro jogo: Santos 4 x 1 Paysandu (pela primeira rodada). E assim foi...
ME: Quando você começou a atuar no Portal Terra? É um trabalho diferente narrar na TV online, em comparação ao rádio ou à TV 'normal'?
DoÓ: Comecei no Terra num dia triste para São Paulo. 15 de maio de 2006, dia dos ataques do PCC à cidade de São Paulo. Era a primeira edição do Copa 2006 TV, apresentado por Fernando Gavini (ESPN). Esse foi o primeiro dia. Trabalhei durante a Copa narrando os melhores momentos de todos os jogos do Mundial vencido pela Itália e apresentando com o Gavini e José Maria de Aquino. No Terra eu já narrei muita coisa. Torneios da ATP (Stuttgart e Estoril), Olimpíadas de 2008 e de Inverno em 2010, torneios de seleções sub-17 e sub-20, Mundial de Futebol Feminino e agora NBA e Fórmula Indy.
É diferente trabalhar com TV para Internet, porque a interação com o internauta é o grande barato. Vocês nos corrigem on line, nos dão informações, participam, cornetam, é como se tivesse uma platéia de comentaristas on line durante o jogo, é muito bacana. Fora que, com a facilidade de não ter uma grade de transmissão, a gente pode transmitir várias coisas ao mesmo tempo e investir também em outros esportes, como estamos fazendo no Portal. O rádio é e sempre será a grande paixão da minha vida profissional, mas a Internet é um barato também.
ME: Em que momento você decidiu que seria um narrador esportivo? Era esse o seu grande sonho?
DoÓ: Eu nunca tive dúvidas sobre o que eu queria ser. Desde pequeno, fazia torneios de futebol de botão para jogar sozinho e narrar. Gravava vinhetas da Rádio Globo e da Jovem Pan numa radiola antiga e quando gritava gol soltava lá o "é gol, que felicidade!", coisa de "doido", como dizia minha mãe, mas era para ser assim mesmo. Adorava ouvir o Osmar Santos e até hoje me emociono com as gravações que eu tenho aqui dele. O José Silvério para mim é perfeito também, mas me identifico mais com o jeitão do Osmar. Foi com os gols e as narrações dele que sonhava ser narrador esportivo. Graças a Deus e às pessoas que me apoiaram de verdade, eu consegui.
ME: Essa é uma pergunta que faço a todos os meus entrevistados, pois tenho muita curiosidade sobre isso... Em quais profissionais da imprensa esportiva da tv ou do rádio você tem como referência?
DoÓ: Bom, como falei acima, em narração esportiva, o Osmar Santos é a minha referência. Na TV eu sempre gostei muito do Luciano do Valle e do Galvão na fase inicial. A emoção que eles passam é a que eu tento passar também nas minhas transmissões. Oscar Ulisses é, dos que estão em atividade, outro em que eu me espelho. Gosto muito do ritmo dele narrando no rádio e esse eu imitava descaradamente na Piracema (risos). Mas como profissional de imprensa esportiva eu me espelho mesmo é em Flávio Prado.
Antes de ser jornalista, de conhecê-lo, sempre admirei a sua austeridade e a forma direta e às vezes até agressiva com a qual ele se expressava. Hoje ele mudou um pouco o estilo, mas quando ele começou na Jovem Pan, em 1990, eu pensava "quero ser como ele". E a vida me levou a conhecê-lo e a ser amigo de seu filho, sendo até seu padrinho de casamento. É realmente uma honra e uma dádiva divina. Não posso também esquecer de José Maria de Aquino, um dos maiores nomes da imprensa esportiva brasileira e de uma humildade sem limites. Um mestre na acepção da palavra. Em comunicação corporativa e empresarial, Carlos Battesti é, sem dúvida, a minha grande referência.
ME: Como é a sua atual jornada de trabalho no Portal Terra e na Rádio 105?
DoÓ: Aqui eu trabalho com várias tarefas. Edito vídeos, na falta da chefe de reportagem, Sônia Peixoto, faço a função dela também, às vezes coordeno a equipe de esportes, quando Evandro Lopes, editor-executivo, não está presente, enfim, faço uma série de atividades. Narrar é a que menos faço...rs. Além de apresentar também o Terra Esportes TV, programa de entrevistas aqui do Portal para esportes. Na 105 FM eu sigo as escalas que o Ricardo Martins nos passa e seguimos em frente. Com isso tudo, sobra pouco tempo para o resto da minha vida, mas não reclamo, porque graças a Deus, trabalho no que eu gosto.
ME: Você já tem algum projeto para a Copa do Mundo? Vai ficar por aqui mesmo ou estará na África do Sul?
DoÓ: Outro presente que recebi esse ano foi a viagem para cobrir em loco a primeira Copa do Mundo. No próximo dia 18 de maio, vou com a equipe do Terra para Curitiba, seguir a Seleção Brasileira e, de lá, com José Maria de Aquino e uma grande equipe para a África do Sul. Não teremos os direitos de transmissão de nenhuma partida, mas estaremos lá, seguindo o time de Dunga onde ele estiver. Vai ser legal.
ME: Você já participou de vários eventos esportivos importantes, como a Copa do Mundo de 2006, os Jogos Olímpicos de 2008 e, nesse ano, nos Jogos de Inverno. A final do Vôlei Feminino, que deu ouro para o Brasil nas Olimpíadas de Pequim foi mesmo a sua transmissão mais marcante?
DoÓ: Foi. Sem dúvida. Na minha carreira inteira, até pela história daquela Olimpíada para mim. Era um principiante na narração para TV na Internet e, até por isso, acho que o Terra esperava um grande momento como "teste" da minha própria capacidade. Em 2008, narrei Pólo Aquático, Maratona Aquática, Atletismo, Vôlei de Praia, Softbol e todo tipo de esporte. Graças a Deus não comprometi em nenhum, até porque eu gosto de estudar tudo o que vou transmitir. A final olímpica feminina meio que me foi "dado de presente" pelo resto da obra durante aqueles dias.
Narrei o jogo ao lado do ex-levantador Maurício, uma lenda do vôlei brasileiro. E quando soube, pelo ponto que eu acompanhava um time seleto de narradores, como Galvão Bueno, Luciano do Valle e João Palomino (ESPN), a ficha caiu. Quando se deu o último ponto, não consegui conter a emoção, nem gosto de ouvir aquele jogo porque tava "muito alto", gritado mesmo. Tipo Galvão em 1994. Ficou "over", mas foi uma transmissão e um jogo épico que não vou esquecer nunca mais. Acho que foi o ponto de virada na minha carreira, quando conquistei o respeito de muita gente que não acreditava em mim.
ME: No rádio você usa um bordão, que é um grito de 'caçapa' no momento do gol. Como isso surgiu? Isso tem relação a sinuca ou algo parecido... (risos)?
DoÓ: Tem sim. Esse bordão foi criado pelo meu pai, o Sr. Gerson. Eu usava o "truco" primeiro. Bom, antes, eu gritava gol mesmo, mas queria algo que me marcasse na rádio, pois o Doni Vieira tinha o seu "é bola na rede" e o Hugo Botelho tem um grito de gol maravilhoso, que é sua marca já. Eu inventei esse truco, que depois não me soou bem nos ouvidos. Meu pai um dia em casa falou "usa caçapa que fica melhor". Testei e parece que deu certo. É legal, porque o ouvinte da 105FM é também um cara que gosta de sinuca, de um churrasco com uma boa cerveja no fim de semana. Gente da gente mesmo, como eu, do Capão (risos).
ME: Você já trabalhou ou trabalha em alguma emissora de TV?
DoÓ: Não, nunca trabalhei. Tenho vontade um dia, claro, mas hoje estou muito bem no Terra e acho que nós estamos construindo uma história até em relação à televisão, cujo modelo vai acabar sendo revisto pelo trabalho que a gente faz aqui. Onde você teria a chance de ver vários jogos ao mesmo tempo? Em Pequim e em Vancouver, demos essa opção aos internatuas e todos adoraram. Esse é o futuro.
ME: No Portal Terra você narra os jogos da NBA. Na sua opinião, quem ganha a competição dessa temporada? O meu Cleveland Cavaliers é mesmo o grande favorito?
DoÓ: Eu não fiz ainda um jogo do Cleveland aqui pelo Terra. Ontem, curiosamente, transmiti Orlando x Atlanta, pelas semi do Leste. Gostei muito do que eu vi. Como o Lakers não está tão bem assim como no ano passado. Acho que o time de Dwight Howard vai levar a melhor.
ME: Você pode dar algumas dicas para quem quer seguir a carreira de narrador esportivo? Para essa profissão, talento é tudo?
DoÓ: É tudo sim. Isso não se aprende, se aprimora. Deus dá o talento. É instintivo. Se você tem aquele bichinho que não te deixa ficar sem ouvir uma narração ou, como diz o livro "Cartas a um jovem poeta" se você se perguntar se não pode viver sem isso e a resposta for "não, não vivo sem isso", seja perseverante que um dia alguém lhe dará a chance, o microfone, e aí é com cada um. Comigo pelo menos foi assim.
ME: Para encerrar, deixe um recado para todos os leitores do Mídia Esporte que acompanham o seu trabalho.
DoÓ: Poxa, eu queria agradecer demais a audiência e o carinho de vocês. Sou um jovem profissional que ainda está buscando seu espaço e fico muito feliz em ver que tem gente boa acompanhando o que a gente faz. Muito sucesso a todos vocês e estou à disposição para o que precisarem.
Ainda não terminou... Tem uma surpresa para você que admira o Marcelo do ó. Ele cedeu algumas fotos dele nos bastidores do Portal Terra. Muito legal! Obrigadíssimo mais uma vez a ele, e pode ter certeza que o Mídia Esporte vai estar sempre junto e divulgando o seu trabalho.
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