Mídia Esporte Entrevista: Guto Nejaim, narrador do SporTV
O nosso entrevistado da vez é o narrador esportivo dos canais SporTV e PFC, Guto Nejaim. No bate-papo falamos sobre como foi sua chegada ao Canal Campeão - "Foi emocionante." - e, entre outras coisas, sobre sua carreira de dublador. Para quem não sabe, Guto já dublou filmes como "Harry Potter" e "Batman, Cavaleiro das Trevas". Vale muito a pena conferir!
Twitter oficial - twitter.com/gutonejaim
Mídia Esporte - Para começar, nos conte sobre o início de sua carreira na imprensa esportiva. Por quais veículos de comunicação você passou antes de ir para os canais SporTV/PFC?
Guto Nejaim - Passei por rádios, basicamente. Estive sempre ligado com trabalhos usando a voz. De rádios menores a difusoras, de comunitárias a religiosas, mas o esporte sempre esteve por perto. Ainda passei pelo canal Futura. Ali não tinha como falar de esporte (risos).
ME - Como foi que você chegou ao SporTV? Qual foi a sua reação ao receber a notícia de que seria funcionário de um dos principais canais esportivos do Brasil?
Guto - Foi emocionante. Nunca larguei o sonho, mas precisava trabalhar. Estava numa empresa do ramo médico como operador de telemarketing. E aí pintou uma vaga pra cobrir férias. Isso foi no fim de 2001, início de 2002. Fiquei apenas um mês e meio e depois me chamaram pro “frila”, cobrindo Copa do Mundo. Decidi pedir demissão da empresa que trabalhava, porque tinha uma força imensa em mim dizendo que ia ficar. Banquei mesmo, contrariei família e tudo mais. No meio da Copa, um jornalista pediu demissão! Meu chefe me chamou e perguntou: “a vaga é de assistente de produção – começa carregando fitas e rodando TP. Quer mesmo assim?” Falei “quero!”. E assim começou tudo lá dentro. Com muito orgulho, iniciei no canal Campeão numa das funções onde mais se aprende: assistente de produção. Depois fui subindo, aos pouquinhos: produtor, editor, redator, produtor de externa, coordenador de eventos ao vivo, reportagem, locutor e locutor esportivo.
ME - Quando foi que surgiu o sonho de ser narrador esportivo? Tinha algum cronista em especial que você se inspirou para seguir essa carreira posteriormente?
Guto - Sempre existiu, na verdade. Era do tipo que narrava os jogos de botão (risos). Acho que fui uma das últimas gerações a jogar botão (risos). Sempre quis ser narrador, e dublador também. Minha referência sempre foi o Jorge Cury saudoso narrador da Rádio Globo. Também me espelhava muito no Luciano Do Valle, Galvão Bueno. Quando entrei no Sportv, já tinha um carinho muito grande pelas transmissões do João Guilherme e Sérgio Mauricio, pra depois consolidar meu gosto e estilo com as narrações do Milton Leite.
ME - Como é a sua rotina diária no SporTV/PFC? Você exerce alguma outra função além de narrador?
Guto - Atualmente não. Chego umas duas horas antes do evento, muitas vezes com tudo pronto, pego mais umas coisas com a produção (roteiro, chamadas de programação), converso com o coordenador do evento pra saber como será nossa transmissão e já me preparo na cabine uma hora antes. Quando o evento é no local (estádios, ginásios, etc), aí a gente chega bem antes, porque o processo é mais complexo, fora que tem ainda entradas nos programas do canal – Tá na Área, Sportvnews, etc.
ME - E o relacionamento com os colegas de emissora no dia-a-dia, existe algumas amizades ou tudo fica no trabalho e depois cada um em seu lugar?
Guto - Existe amizade sim! Somos todos muito amigos mesmo, torcemos pro sucesso sempre dos companheiros. Tem espaço pra todo mundo. Eu, por exemplo, sou padrinho de casamento do João Guilherme, uma honra pra mim, já que é um grande amigo. O excesso de trabalho, viagens, plantões às vezes diminuem nosso contato fora de lá. Mas, se dá uma brecha, a gente pelo menos combina “de boca” (risos).
ME - Soube também que você é dublador. Quais filmes você já dublou? E o que é mais fácil e prazeroso: dublar ou narrar?
Guto - Ih, muitos filmes! Muitos mesmo! Dublo há quinze anos e amo dublar. É pura arte. Difícil dizer o que gosto mais, sabia?
ME - Qual foi o momento mais engraçado ou bizarro você já passou ao narrar uma partida?
Guto - Às vezes tem piada interna. Ou simplesmente você ri por causa do comentarista. O Raul Quadros é uma figuraça, por exemplo. Eu fico doido com ele (risos). Ele começa a rir quando o áudio pega aquele microfone vazando uma série de impropérios do técnico à beira do gramado. Não posso olhar pra ele na hora, senão caio na gargalhada no meio do jogo.
ME - Você é um narrador bastante eclético: narra desde futebol e basquete até motocross. Qual outro tipo de esporte que você gostaria de narrar?
Guto - Cara, eu gosto muito de esporte. Respiro isso. Acho que um jogo de NBA seria uma coisa que gostaria muito de narrar. Ou um jogo de Olimpíada da seleção americana de basquete... Tenho narrado - há cerca de um ano – MMA. É bem legal, estou especializando, mas é um público muito difícil. Digo que é o mais difícil de todos, pior que futebol no quesito “cobrança”.
ME - Como a maioria dos narradores, você também usa um bordão: "tijolo quente". Como ele surgiu e você acha que o que marca um narrador é o jargão que ele usa?
Guto - Bordão é o máximo! É a caricatura do narrador, a assinatura do artista. Todos os narradores usam, como marca ou “bengala”, aquela frase segura, que dá tempo de você olhar um texto, processar uma informação sem gaguejar. Tenho outros bordões, mas esse e o “vamos ppro jogo!” pegaram mais mesmo. Natural. Não dá também pro narrador ser só bordão. Senão, ele não tem nome, fica só o bordão. Esse bordão surgiu porque lia um livro do Roberto Sander e ele falava de um jogador que atuava no Bangu no início do século passado, Ladislau da Guia, irmão do Domingos da Guia e tio do Ademir. Tinha um chute potente, forte,e por isso o apelido. Achei legal, diferente e resolvi fazer a homenagem!
ME - Para você, quais as diferenças de narrar um jogo in loco e narrar do estúdio? Que fatores lhe beneficiam ou prejudicam narrando dessas duas formas?
Guto - O fator do estúdio é que é perto da minha casa (risos). Mas é muito bom estar no clima do jogo, no local, seja qual evento for. Não é que prejudica narrar off-tube, longe disso, não há prejuízo algum. Mas é lógico que estar no “olho do furacão” é diferente, é melhor. Estando no estúdio, inclusive, te deixa mais próximo à produção como um todo.
ME - Dê algumas dicas para quem quer ser um narrador esportivo. Narrar é só um dom ou existe alguma coisa além disso?
Guto - Tem essa coisa do dom, sim. Não adianta se não tem o “borogodó”: patina mesmo. Gosto é uma coisa; a pessoa pode não gostar do seu trabalho, do seu estilo, da sua voz, até do seu bordão, que a gente falava antes. Mas só o fato de te prender numa transmissão inteira ou boa parte dela, faz com que você, de certa forma, esteja no caminho certo, mesmo não sendo aquele que o cara de casa queria ouvir. Agora, tem que estudar. Tudo. Muito. Narrador do Sportv narra tudo, você mesmo disse. O canal é de fato Campeão, é campeão de eventos, de cobertura. E a gente tem que estar antenado. Estou te respondendo ouvindo a narração do Sérgio Mauricio no vôlei, por exemplo. É o tempo inteiro ligado. E eu adoro pegar esses eventos de esportes diferentes pro brasileiro, eu gosto de ser didático, de ensinar ou discutir sobre um esporte pouco conhecido ou divulgado no nosso país. É bom pra gente, pra quem tá em casa - que fica preso ao evento – e pro esporte em si. Mas, na minha opinião, se não tiver o dom, não vai.
ME - Deixe uma mensagem para os leitores do Mídia Esporte que acompanham o seu trabalho.
Guto - Acompanhem meu trabalho (risos). E não desistam dos seus sonhos. Só não deixem que eles seja apenas... Sonhos.
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Mídia Esporte - Para começar, nos conte sobre o início de sua carreira na imprensa esportiva. Por quais veículos de comunicação você passou antes de ir para os canais SporTV/PFC?
Guto Nejaim - Passei por rádios, basicamente. Estive sempre ligado com trabalhos usando a voz. De rádios menores a difusoras, de comunitárias a religiosas, mas o esporte sempre esteve por perto. Ainda passei pelo canal Futura. Ali não tinha como falar de esporte (risos).
ME - Como foi que você chegou ao SporTV? Qual foi a sua reação ao receber a notícia de que seria funcionário de um dos principais canais esportivos do Brasil?
Guto - Foi emocionante. Nunca larguei o sonho, mas precisava trabalhar. Estava numa empresa do ramo médico como operador de telemarketing. E aí pintou uma vaga pra cobrir férias. Isso foi no fim de 2001, início de 2002. Fiquei apenas um mês e meio e depois me chamaram pro “frila”, cobrindo Copa do Mundo. Decidi pedir demissão da empresa que trabalhava, porque tinha uma força imensa em mim dizendo que ia ficar. Banquei mesmo, contrariei família e tudo mais. No meio da Copa, um jornalista pediu demissão! Meu chefe me chamou e perguntou: “a vaga é de assistente de produção – começa carregando fitas e rodando TP. Quer mesmo assim?” Falei “quero!”. E assim começou tudo lá dentro. Com muito orgulho, iniciei no canal Campeão numa das funções onde mais se aprende: assistente de produção. Depois fui subindo, aos pouquinhos: produtor, editor, redator, produtor de externa, coordenador de eventos ao vivo, reportagem, locutor e locutor esportivo.
ME - Quando foi que surgiu o sonho de ser narrador esportivo? Tinha algum cronista em especial que você se inspirou para seguir essa carreira posteriormente?
Guto - Sempre existiu, na verdade. Era do tipo que narrava os jogos de botão (risos). Acho que fui uma das últimas gerações a jogar botão (risos). Sempre quis ser narrador, e dublador também. Minha referência sempre foi o Jorge Cury saudoso narrador da Rádio Globo. Também me espelhava muito no Luciano Do Valle, Galvão Bueno. Quando entrei no Sportv, já tinha um carinho muito grande pelas transmissões do João Guilherme e Sérgio Mauricio, pra depois consolidar meu gosto e estilo com as narrações do Milton Leite.
ME - Como é a sua rotina diária no SporTV/PFC? Você exerce alguma outra função além de narrador?
Guto - Atualmente não. Chego umas duas horas antes do evento, muitas vezes com tudo pronto, pego mais umas coisas com a produção (roteiro, chamadas de programação), converso com o coordenador do evento pra saber como será nossa transmissão e já me preparo na cabine uma hora antes. Quando o evento é no local (estádios, ginásios, etc), aí a gente chega bem antes, porque o processo é mais complexo, fora que tem ainda entradas nos programas do canal – Tá na Área, Sportvnews, etc.
ME - E o relacionamento com os colegas de emissora no dia-a-dia, existe algumas amizades ou tudo fica no trabalho e depois cada um em seu lugar?
Guto - Existe amizade sim! Somos todos muito amigos mesmo, torcemos pro sucesso sempre dos companheiros. Tem espaço pra todo mundo. Eu, por exemplo, sou padrinho de casamento do João Guilherme, uma honra pra mim, já que é um grande amigo. O excesso de trabalho, viagens, plantões às vezes diminuem nosso contato fora de lá. Mas, se dá uma brecha, a gente pelo menos combina “de boca” (risos).
ME - Soube também que você é dublador. Quais filmes você já dublou? E o que é mais fácil e prazeroso: dublar ou narrar?
Guto - Ih, muitos filmes! Muitos mesmo! Dublo há quinze anos e amo dublar. É pura arte. Difícil dizer o que gosto mais, sabia?
ME - Qual foi o momento mais engraçado ou bizarro você já passou ao narrar uma partida?
Guto - Às vezes tem piada interna. Ou simplesmente você ri por causa do comentarista. O Raul Quadros é uma figuraça, por exemplo. Eu fico doido com ele (risos). Ele começa a rir quando o áudio pega aquele microfone vazando uma série de impropérios do técnico à beira do gramado. Não posso olhar pra ele na hora, senão caio na gargalhada no meio do jogo.
ME - Você é um narrador bastante eclético: narra desde futebol e basquete até motocross. Qual outro tipo de esporte que você gostaria de narrar?
Guto - Cara, eu gosto muito de esporte. Respiro isso. Acho que um jogo de NBA seria uma coisa que gostaria muito de narrar. Ou um jogo de Olimpíada da seleção americana de basquete... Tenho narrado - há cerca de um ano – MMA. É bem legal, estou especializando, mas é um público muito difícil. Digo que é o mais difícil de todos, pior que futebol no quesito “cobrança”.
ME - Como a maioria dos narradores, você também usa um bordão: "tijolo quente". Como ele surgiu e você acha que o que marca um narrador é o jargão que ele usa?
Guto - Bordão é o máximo! É a caricatura do narrador, a assinatura do artista. Todos os narradores usam, como marca ou “bengala”, aquela frase segura, que dá tempo de você olhar um texto, processar uma informação sem gaguejar. Tenho outros bordões, mas esse e o “vamos ppro jogo!” pegaram mais mesmo. Natural. Não dá também pro narrador ser só bordão. Senão, ele não tem nome, fica só o bordão. Esse bordão surgiu porque lia um livro do Roberto Sander e ele falava de um jogador que atuava no Bangu no início do século passado, Ladislau da Guia, irmão do Domingos da Guia e tio do Ademir. Tinha um chute potente, forte,e por isso o apelido. Achei legal, diferente e resolvi fazer a homenagem!
ME - Para você, quais as diferenças de narrar um jogo in loco e narrar do estúdio? Que fatores lhe beneficiam ou prejudicam narrando dessas duas formas?
Guto - O fator do estúdio é que é perto da minha casa (risos). Mas é muito bom estar no clima do jogo, no local, seja qual evento for. Não é que prejudica narrar off-tube, longe disso, não há prejuízo algum. Mas é lógico que estar no “olho do furacão” é diferente, é melhor. Estando no estúdio, inclusive, te deixa mais próximo à produção como um todo.
ME - Dê algumas dicas para quem quer ser um narrador esportivo. Narrar é só um dom ou existe alguma coisa além disso?
Guto - Tem essa coisa do dom, sim. Não adianta se não tem o “borogodó”: patina mesmo. Gosto é uma coisa; a pessoa pode não gostar do seu trabalho, do seu estilo, da sua voz, até do seu bordão, que a gente falava antes. Mas só o fato de te prender numa transmissão inteira ou boa parte dela, faz com que você, de certa forma, esteja no caminho certo, mesmo não sendo aquele que o cara de casa queria ouvir. Agora, tem que estudar. Tudo. Muito. Narrador do Sportv narra tudo, você mesmo disse. O canal é de fato Campeão, é campeão de eventos, de cobertura. E a gente tem que estar antenado. Estou te respondendo ouvindo a narração do Sérgio Mauricio no vôlei, por exemplo. É o tempo inteiro ligado. E eu adoro pegar esses eventos de esportes diferentes pro brasileiro, eu gosto de ser didático, de ensinar ou discutir sobre um esporte pouco conhecido ou divulgado no nosso país. É bom pra gente, pra quem tá em casa - que fica preso ao evento – e pro esporte em si. Mas, na minha opinião, se não tiver o dom, não vai.
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