Conheça a trajetória da primeira jornalista de esportes do Brasil

Regianni Ritter é pioneira no jornalismo esportivo

Por Otto Rezende - Dia 8 de março é o Dia Internacional da Mulher, e o Mídia Esporte traz aqui uma matéria especial para esse dia. Como somos um dos blogs pioneiros em focar a mídia esportiva, nada melhor do que falar um pouco sobre a primeira mulher que exerceu a função de jornalista esportiva aqui no Brasil, que acredito que poucos conhecem.

O nome dela é Regiani Ritter, natural da cidade de Ibitinga, interior de São Paulo. Ela deixou sua cidade natal aos 11 anos de idade rumo à São Paulo, onde começou a investir na carreira de atriz. Em 1963, Regiani conseguiu um emprego na TV Tupi, mas também teve passagens pelas TVs Excelsior e Globo.

Até que em 1980, Regiani foi contratada pela Rádio Gazeta de São Paulo para apresentar um programa musical e de variedades, mas tudo começou a mudar três anos depois, quando na mesma Rádio Gazeta, ela recebeu convite de Pedro Luiz Paoiello para cobrir as folgas dos repórteres que faziam a cobertura dos clubes paulistanos.

Anos depois, Regiani começou a atuar na TV Gazeta, onde assumiu as funções de produtora e comentarista do tradicional programa de debates 'Mesa Redonda' e também participava das transmissões dos jogos. Na época, a jornalista era vítima de preconceito por parte dos próprios colegas de profissão, que se sentiam incomodados com a sua presença. "A grande maioria me recebeu muito bem, mas alguns me olharam com ironia e sarcasmo no ínicio e, com o tempo, com ódio. Ironia e sarcasmo porque eles pensavam: ‘Mais uma que vem e passa’. E o ódio porque não passei e fiquei", disse Regiani em rentrevista ao site Trivela publicada em 2011.

Regiani Ritter entrevista os ex-palmeirenses Antônio Carlos e Velloso, dentro do vestiário.

Em 1986, Regiani viveu momentos conturbados com Milton Neves, que estava na Rádio Jovem Pan, quando ele tinha repetido o mesmo comentário que Regiani tinha feito três meses antes, quando o Brasil havia sido eliminado pela França nas quartas de final da Copa do Mundo, nos pênaltis. O curioso que que naquelas ocasiões ela foi xingada por Milton Neves e escutou dele que 'mulher não entende nada de futebol'. Tempos depois, Regiani Ritter tirou a história a limpo com Milton Neves, que disse ter ficado arrependido pelas palavras dirigidas à ela.

Depois disso, Regiani teve uma rápida passagem pela TV Record, mas no início da década de 1990 ela voltou à Gazeta, primeiro na TV e depois na rádio. O seu ápice começou em 1991, quando foi escolhida a melhor jornalista do ano em eleição do jornal 'Unidade', do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo. Regiani pensou em parar, mas surgiu a oportunidade de cobrir a Copa do Mundo de 1994, nos Estados Unidos.

Porém, em 1996, Regiani teve uma grande perda familiar e entrou em depressão. Ficou quase 10 anos isolada em uma chácara na Grande São Paulo, quando em 2005, ela voltou à Rádio Gazeta, onde está até hoje comandando o programa "Disparada do Esporte".

Regianni Ritter é uma das mais completas profissionais da comunicação e foi pioneira no jornalismo esportivo, quebrando preconceitos e paradigmas. Muitas mulheres atuam hoje no esporte, mas tudo começou com ela.

O Mídia Esporte deseja um Feliz Dia Internacional da Mulher a todas as guerreiras que até hoje lutam pela igualdade de direitos!

Fontes
http://terceirotempo.bol.uol.com.br/que-fim-levou/regiani-ritter-3480
http://trivela.uol.com.br/mulheres-ainda-enfrentam-machismo-velado-no-futebol/
http://uolesportevetv.blogosfera.uol.com.br/2013/10/07/pioneira-no-esporte-jornalista-lembra-preconceito-e-briga-com-milton-neves/#fotoNav=1
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