A emoção pouco importa quando o assunto é audiência | Coluna de Guilherme Coelho #8

Montagem

“O mata-mata é mais emocionante, pois permite ao time mais fraco vencer o mais forte”. Uma das milhares de justificativas usadas por torcedores  e jornalistas que defendem a volta deste formato no Campeonato Brasileiro. Mas, se engana quem pensa que a emissora detentora dos direitos de transmissões, Rede Globo, leva em consideração o fator emoção e o quanto isso influi no desempenho das equipes. Somente a audiência interessa e, por isso, a emissora carioca tem se mostrado favorável a mudança.

Desde 2003 o formato por pontos corridos é disputado no Brasil. A fórmula é marca registrada nos campeonatos europeus, por aqui o tema sempre foi motivo de discussão. O enfraquecimento, nos últimos anos, de clubes considerados grandes junto à queda de audiência da televisão, fez com que, neste ano, o tema a voltasse à tona e ganhasse mais força. O futuro presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, já declarou em entrevistas que os clubes é que decidirão. A mudança já pode acontecer a partir de 2016.

É curioso que uma fórmula utilizada nos principais centros de futebol no mundo. Só não tem tido um retorno positivo no Brasil. Algo está muito errado. Não vejo a mudança com bons olhos e  acredito estar longe de um caminho ideal, para uma liga forte, atrativa ao público interno e consumida no exterior. A aposta no mata-mata me parece desesperadora, como um ídolo que retorna ao clube do coração em um momento de crise, não há garantia alguma que dará o resultado esperado.

Muitas coisas mudaram em mais de uma década, a internet ganhou força, o acesso à televisão fechada aumentou e novas gerações de torcedores surgiram em meio a tudo isso. A Libertadores, principal competição eliminatória entre clubes da América do Sul, é a prova de que o problema é outro. O jogo entre São Paulo e Danúbio, em fevereiro (25), pela primeira fase da competição, que teve transmissão da Rede Globo, iniciou marcando 22 pontos e terminou com 7,7 contra 14,5 da Record que estreava o programa do Gugu. Um massacre. A mudança está longe de ser a solução para a emissora da família Marinho.

Por Guilherme Coelho - Colunista do Portal Mídia Esporte
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