As cotas de TV e a 'espanholização' do futebol Brasileiro | Coluna de Guilherme Coelho #17
“O futebol brasileiro caminha para uma espanholização”. O tema que tanto repercutiu na mídia esportiva – desde que o clube dos 13 rachou em 2011, quando passaram a negociar individualmente com a televisão, sobre a venda dos direitos de transmissão – volta à tona justamente no momento em que o futebol espanhol passa por mudanças.
O governo espanhol cansou do abismo financeiro que há entre Real Madrid e Barcelona perante aos outros clubes do país. No dia 30 de abril deste ano, foi aprovado o Decreto-Lei 5/2015 do governo espanhol que determina a venda coletiva do campeonato nacional, da Copa do Rei e da Supercopa, a partir da temporada 2016/17... (O que gerou críticas da federação espanhola - RFEF - e da Associação de Jogadores - AEF).
O decreto tem como base o que acontece na Liga Inglesa, a mais prestigiada de futebol no mundo, aonde 50% da receita é dividida de forma igualitária entre os clubes, 25% de acordo com o desempenho final e 25% através do número de partidas exibidas na televisão. No caso do Campeonato Espanhol, o número de sócios e arrecadação com bilheterias também será levado em consideração.
O atual modelo de divisão de cotas na Espanha cria um abismo entre os clubes. O montante pago pela televisão chega próximo dos 800 milhões de euros. Barcelona e Real Madrid arrecadam cerca de 150 milhões de euros (aproximadamente 510 milhões de reais) cada, por temporada. O segundo escalão recebe três vezes menos.
Não é por acaso que desde de 1984, ambos, faturaram, juntos, o Campeonato Espanhol 24 vezes – os catalões com 13 conquistas e os madrileños com 11. Juntando as conquistas, neste período, de Atlético de Madrid (duas vezes), Valência (outras duas), Atlethic Bilbao e Deportivo de La Coruña (cada um com uma), não se chega nem a metade dos números da dupla rival.
Enquanto na Espanha, as autoridades estão preocupadas em democratizar e elevar o nível da competição. No Brasil, acontece o oposto. Flamengo e Corinthians recebem R$ 110 milhões de receitas com a televisão. Em 2016, o valor subirá para R$ 170 milhões, serão 60 milhões a mais em relação ao segundo bloco, atualmente ocupado pelo São Paulo, que receberá R$ 110 milhões. Ou seja, a possibilidade de investimentos em contratações de rubro negros e alvinegros será muito maior que a dos demais.
Por mais que dirigentes de outros clubes esperneiem e contestem esses valores, o contrato está em vigor até 2018. Não há como ser alterado. As cúpulas de Flamengo e Corinthians refutam a ideia de mudanças, não querem abrir mão do privilégio.
O atual presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, em entrevista a ESPN prometeu analisar o assunto, mas sabe que pouco pode fazer. Os clubes há anos já não falam a mesma língua. Não são capazes de entender o óbvio: que juntos são mais fortes.
Por Guilherme Coelho, colunista do Portal Mídia Esporte.
Twitter - @guilhermecs22
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