Globo e Esporte Interativo falam pela 1ª vez sobre briga por Brasileirão na TV fechada
A Globosat, empresa do Grupo Globo que controla o SporTV, e o Esporte Interativo reconheceram a existência de uma disputa, sem, contudo, citar a concorrente
A Globosat, empresa do Grupo Globo que controla o SporTV, e o Esporte Interativo reconheceram a existência de uma disputa, sem, contudo, citar a concorrente
Nunca o Grupo Globo esteve tão ameaçado em sua hegemonia na TV a cabo para a transmissão do Campeonato Brasileiro, seu principal produto para o futebol.
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Ao menos seis clubes, entre eles Santos e Inter, estão acertados com o canal Esporte Interativo (EI), que tem como sócia-majoritária a Turner, gigante norte-americana da área do entretenimento.
O acordo, é preciso ressaltar, não entra em vigor a curto prazo. Refere-se ao período que vai de 2019 a 2023 e apenas na TV fechada.
A Globo deve manter os direitos em TV aberta e pay-per-view após 2018, mas o seu canal a cabo SporTV pode sofrer com um "buraco" nas transmissões, sem alguns dos principais times do Brasil.
Antes reservada a reuniões entre quatro paredes, a concorrência agora se expõe. À reportagem, pela primeira vez, a Globosat, empresa do Grupo Globo que controla o SporTV, e o Esporte Interativo reconheceram a existência de uma disputa, sem, contudo, citar a concorrente.
Nota enviada à Folha pela Globosat diz que a empresa "já fechou acordos com um grande número de clubes e está muito próxima de fechar com outros, o que representará a maior cobertura do Brasileirão em 2019. Lamentamos que alguns times estejam considerando não fazer mais parte da programação do SporTV neste campeonato em 2019."
É a primeira vez também que a empresa, que já acertou com clubes como Corinthians, Vasco, Fluminense e Cruzeiro, considera a hipótese de perder o direito da transmissão de alguns jogos do Brasileiro.
O EI diz que sua proposta aos clubes é nove vezes superior à que a Globo oferece atualmente para TV a cabo.
A reportagem apurou que a EI propõe R$ 550 milhões para todos os clubes para o período 2019-2023. Hoje, o Grupo Globo paga cerca de R$ 60 milhões a eles, considerando apenas a TV a cabo.
A Globo e o EI não comentam as quantias.
"O Esporte Interativo acredita que um ambiente de livre concorrência pelos direitos e a entrada de um novo grupo nas transmissões do Campeonato Brasileiro, como ocorre em mercados mais avançados, gera benefícios a todos os envolvidos", escreveu a direção do canal.
Nas conversas com os clubes, apurou a Folha, a Globo tem questionado a capacidade operacional do EI para transmitir as partidas do Campeonato Brasileiro.
Na nota à reportagem, a Globosat ressalta "a capacidade de transmitir 100% dos jogos, atendendo a torcedores de todos os times".
A concorrência do EI tem peso inédito para a Globo porque os clubes falam abertamente da disposição de trocar de emissora por um longo período, algo inimaginável há quatro ou cinco anos.
Antes, o poder de barganha da emissora era maior porque ela adiantava valores que cobriam os rombos de grande parte dos clubes, prática hoje menos corriqueira.
"Além do valor, a divisão de cotas [na proposta do EI] nos pareceu melhor. 50% do valor total será dividido entre os clubes, 25% por performance no campeonato e 25% pela exposição dos jogos, ou seja, aqueles que tiverem mais transmissões ganharão mais", diz Luiz Sallim Emed, presidente do Atlético-PR.
O extinto Clube dos 13, que representava os times em bloco em negociações de transmissão, chegou a abrir licitação para tentar novos contratos, dividindo as mídias (TV aberta, fechada, pay-per-view e internet). A Globo sempre negociou todos os produtos num pacote só.
Em 2011, porém, a emissora e alguns clubes passaram a negociações individuais, minando o Clube dos 13, que acabou sendo dissolvido.
BURACOS NA GRADE
A concorrência pode fazer com que surja "buraco" na grade das emissoras, com jogos sem exibição no cabo.
As TVs e os clubes entendem que só poderá ser televisionada a partida entre equipes que tenham acertado com a mesma emissora.
Jogos entre times com contratos diferentes, portanto, precisarão de acerto entre as TVs para haver transmissão, o que, por ora, não existe.
As transmissões em TV aberta e no pay-per-view continuariam no formato atual.
Fonte: Folha de S. Paulo
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