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Delator do caso Fifa diz que Globo pagou propina pelos direitos das Copas de 2026 e 2030

Alejandro Burzaco afirma que emissora pagou junto com grupo do México US$ 15 milhões em propina a ex-chefe do futebol argentino

Reprodução

Em mais um dia de depoimento, Alejandro Burzaco disse que a TV Globo, a mexicana Televisa e sua empresa de marketing esportivo, Torneos y Competencias, pagaram juntas US$ 15 milhões em propina a Julio Humberto Grondona, ex-chefe do futebol argentino, pelos direitos de transmissão da Copa do Mundo de 2026 e 2030.

O valor, que garantia direitos de TV, rádio e internet para os eventos esportivos, teria sido depositado no banco Julius Bär, sediado na Suíça.

Essa conta era controlada pela T&T, empresa criada pelo grupo de Burzaco para fazer pagamentos com verbas ilícitas. De acordo com ele, os valores pagos eram abaixo do mercado para que pudessem ser inflados com propinas.

Uma das principais testemunhas da acusação no julgamento de José Maria Marin, ex-presidente da CBF que está sendo julgado em Nova York no escândalo de corrupção da Fifa, Burzaco deu detalhes de um suposto encontro há quatro anos no hotel Waldorf Hilton, em Londres, onde teria fechado o acordo.

Também na capital britânica, Burzaco disse ter se encontrado com Marin, Marco Polo Del Nero, atual presidente da CBF, e executivos da americana Fox Sports que queriam "ampliar suas operações no Brasil e ter laços mais estreitos com o futebol".

Na ocasião, Marin e Del Nero teriam reclamado do atraso em seus pagamentos de propina relativos à Copa Libertadores da América e a Copa Sul-Americana daquele ano. Eles discutiram ainda pagamentos pendentes de US$ 2 milhões e US$ 3 milhões, relacionados a outras negociações de direitos de transmissão de campeonatos.

Numa série de e-mails mostrados pelos promotores americanos entre a testemunha e o chefe administrativo de sua empresa, Eladio Rodríguez, Burzaco discute os detalhes do pagamento, que teria que ser realizado às pressas dada a "irritação e insatisfação" dos cartolas brasileiros identificados juntos como "brasilero" em alguns dos e-mails.

Marin e Del Nero, depois do encontro em Londres, estavam, segundo as mensagens, nos Estados Unidos e exigiam receber o pagamento aqui, operação que o empresário considerava arriscada, mas concordou em fazer.

Burzaco, que está em prisão domiciliar há dois anos em Nova York e fechou um acordo de delação premiada com a Justiça americana, ainda aguarda a sua sentença.

Na corte do Brooklyn, ele chorou no início do segundo dia de depoimentos, interrompendo o julgamento. Isso foi menos de 24 horas depois do suicídio de um advogado argentino citado por ele como um dos que receberam propina no esquema -Jorge Delhon se jogou na frente de um trem em Buenos Aires.

Depois de sua crise de choro, Burzaco foi reconduzido ao tribunal. Ele então deu mais detalhes de suas ligações com a TV Globo e a Fox.

Num café da manhã num restaurante do Copacabana Palace, no Rio, durante a Copa do Mundo de 2014, o empresário teria se encontrado com Marcelo Campos Pinto, então responsável na emissora brasileira pela compra dos direitos de transmissões.

Segundo Burzaco, eles discutiram a intenção da Globo de estender o pagamento de propinas para a Conmebol via T&T, empresa do argentino com sede na Holanda, em troca de direitos da Libertadores e da Copa Sul-Americana.

"Não queríamos que essa estrutura mudasse", explicou a testemunha. Ele disse que o encontro com o executivo da Globo tinha como objetivo garantir a continuidade dos pagamentos do canal, já que estava sofrendo pressões de outros grupos, como a Fox.

Burzaco também detalhou os valores e as datas de pagamento de propina a cartolas da Conmebol, prevendo gastar pelo menos US$ 66 milhões em propina sobre contratos das edições de 2015, 2019 e 2023 da Copa América, além da edição especial do torneio realizada em 2016.

Entre os destinatários desses pagamentos estavam José Maria Marin e Marco Polo Del Nero. Eles haviam passado a receber a cota de dinheiro ilícito antes paga a Ricardo Teixeira, que deixou o comando da CBF, há cinco anos, sob uma série de suspeitas.

Burzaco também detalhou como criou empresas e contratos falsos para realizar suas operações, entre elas a Datisa, junção de sua firma Torneos y Competencias com a brasileira Traffic, de José Hawilla, e a argentina Full Play.

Ele disse que negociou com Hugo Jinkis e Mariano Jinkis, os donos da Full Play, para fazer com que Hawilla assinasse contratos de US$ 20 milhões -acima dos valores antes acordados- para evitar que uma eventual venda da Traffic revelasse o esquema.

Esses valores, no caso, também estariam ligados a pagamentos de propina pelos direitos de transmissão da Copa América. Burzaco estava preocupado que o brasileiro saísse do negócio do futebol e que futuros donos da Traffic barrassem os acordos.

Procurado pela Folha, o Grupo Globo, detentor da TV Globo, manteve o mesmo posicionamento que havia passado na terça-feira (14) após ter seu nome citado em pagamento de propinas para diversos torneios internacionais.

Em nota enviada à reportagem, o grupo afirma "veementemente" que "não pratica nem tolera qualquer pagamento de propina".

"Após mais de dois anos de investigação [o Grupo Globo] não é parte nos processos que correm na Justiça americana", lembra a empresa no comunicado.

O Grupo Globo afirma ainda que conduziu "amplas investigações internas" desde que o escândalo da Fifa foi revelado, em 2015. Nelas, ainda segundo o comunicado, foi apurado que o Grupo Globo "jamais realizou pagamentos que não os previstos nos contratos".

Veja a nota do Grupo Globo na íntegra:

Sobre depoimento ocorrido em Nova York, no julgamento do caso Fifa pela Justiça dos Estados Unidos, o Grupo Globo afirma veementemente que não pratica nem tolera qualquer pagamento de propina. Esclarece que após mais de dois anos de investigação não é parte nos processos que correm na Justiça americana. Em suas amplas investigações internas, apurou que jamais realizou pagamentos que não os previstos nos contratos. Por outro lado, o Grupo Globo se colocará plenamente à disposição das autoridades americanas para que tudo seja esclarecido. Para a Globo, isso é uma questão de honra. Não seria diferente, mas é fundamental garantir aos leitores, ouvintes e espectadores do Grupo Globo que o noticiário a respeito será divulgado com a transparência que o jornalismo exige.

Fonte: Folha de S. Paulo
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